Assombração
- Flávio Adriano
- 8 de mar. de 2018
- 2 min de leitura

Não sou supersticioso, mas vou contar uma história “cabeluda” que aconteceu comigo.
Há exatos 16 anos, escrevi uma matéria na Folha de Pernambuco sobre um pai de santo pernambucano que tinha enriquecido, “ajudando” alguns times europeus na conquista de títulos. Até por imaturidade da minha parte, não me preocupei em checar as provas do acontecido porque o objetivo do texto não era denegrir a imagem de ninguém, e sim mostrar para o leitor o lado pitoresco do futebol. A publicação foi para as ruas, muita gente riu e eu pensei que o assunto fosse acabar ali mesmo. Ledo engano. Uma semana depois, chegaram no jornal duas mulheres e um homem pra lá de enfurecidos. Passados alguns gritos deles, tive a certeza de que aquele cara era o tal do pai de santo. Nessa hora me segurei para não deixar a calça molhada (ou melada). Uma das mulheres, que se dizia advogada do babalorixá, mais parecia o próprio Zé Pilintra. Era tudo muito assustador. Para piorar a situação, a cadeira em que eu estava sentado se quebrou todinha. Lá estava o papai aqui todo estendido no chão. Foi patético. Quando me levantei, todo assustado, só tive vontade de sair correndo para casa e pedir proteção à minha mulher. Aí o pai de santo disse: “Tenha calma, meu filho! Os espíritos já deram os seus recados e agora se acalmaram”. O meu amigo Álvaro Filho, que também apareceu na sala de entrevistas, preocupado com a situação, veio com essa: “Vamos ter calma. O moço vai entrar de férias amanhã e já vai logo viajando…” “Não se preocupe com isso. É só vocês me darem o direito de resposta que nada de mau acontecerá nessa viagem”, interrompeu o pai de santo. Pois bem, demos o direito de resposta. Porém, no outro dia, viajando para Ouricuri, no Sertão do estado, com a minha mulher Kelly, que estava grávida de Huguinho, e o nosso filho mais velho Pedrinho, o carro morreu no meio de um deserto.
Resumindo: o “Escortão” só pôde ser consertado umas dez horas depois. Será que o babalorixá blefou comigo? Não dá pra saber. Só sei que brincar com Zé Pilintra pode causar um desfecho assustador. Eu que o diga.
Obrigado a todos pelos belos comentários!
Kkkkk, não sabia dessa! Muito bom!
Parabéns Flávio! Muito legal.
Muito bom Flávio! Excelente.