Atrapalhamos a transa de um casal
- Flávio Adriano
- 31 de mai. de 2018
- 2 min de leitura
Há algumas semanas contei a história de uma torada de aço que tive no meio de uma estrada do Sertão, lembram? Pois bem, passado o susto por causa daqueles mal-encarados do carrão preto, eu, o motorista Seu Gerson e o fotógrafo Pedro Luiz seguimos viagem rumo a Petrolândia. Chegando lá, tratamos logo de apurar a matéria sobre o time da cidade que seria veiculada pelo Jornal do Commercio, no caderno especial do Campeonato Pernambucano de 1998.
Quando o trabalho terminou, pensamos: ‘Vamos almoçar e tomar uma cerveja gelada para refrescar daquele calor da porra’. Mas no caminho para o centro do município, o representante da prefeitura que nos acompanhava perguntou se a gente não tinha curiosidade de conhecer o trecho onde a pista entrava no Rio São Francisco. Como assim? Com a construção da Barragem de Itaparica nos anos 1980, a antiga cidade de Petrolândia ficou completamente submersa e, por isso, tudo teve que ser construído novamente às margens do Rio São Francisco. É a conhecida Nova Petrolândia. A gente topou na hora!
Era mais ou menos meio-dia de uma quinta-feira de janeiro. O céu estava todo azulado e a paisagem era coisa de cinema. Tudo muito deserto. Mas ao chegarmos no “fim” da estrada, fomos surpreendidos com um carro estacionado na beira do rio e, dentro das águas, um casal curtia os prazeres da vida... Acredito que esse prazer deu lugar à torada de aço quando viram um carro do JC parar naquele deserto e ainda descer um povo estranho com câmera e tudo mais.

Os dois pombinhos ficaram parados só de butuca de olho na gente. Vai ver que o cara deve até ter ficado embutido feito guarda-roupa com todo aquele aperreio. E olhe que a água nem fria estava, viu?! Então procuramos ser rápidos na visita para não estragar ainda mais a transa dos amantes. E fomos embora...
Porém, com a cara de aflição que ficaram, acredito que eles devem ter passado algumas semanas de tensão, com medo que toda aquela cena de amor no meio do rio fosse publicada no jornal. Claro que não publicamos nada! Mas que ganhamos dois novos leitores assíduos, pelo menos por um certo tempo, aí não tenho dúvida nenhuma.
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