Desespero na Copa da Alemanha
- Flávio Adriano
- 14 de jun. de 2018
- 2 min de leitura

Como hoje está começando a Copa do Mundo da Rússia, não poderia deixar de contar um causo que aconteceu comigo quando estava cobrindo o Mundial da Alemanha pela Folha de Pernambuco, há exatos 12 anos. Logo que desembarquei em Berlim, eu e o amigo e companheiro de várias jornadas jornalísticas, Álvaro Filho, fomos pegar as nossas credenciais no centro de imprensa do Estádio Olímpico. A instigação era geral! Mas, ao entregar a minha documentação ao voluntário da Fifa, a alegria deu lugar ao desespero.
Com cara de poucos amigos, o homem foi logo dizendo que eu não podia receber a credencial porque a minha identidade estava vencida. Não acreditei no que estava ouvindo. A porra do documento que eu fiz a minha inscrição para cobrir a competição tinha vencido há menos de um mês de começar a Copa! Pior: nem tinha me tocado! Tive vontade de chorar, dar um cacete no cara, dar uma de doido... Mas comecei a respirar fundo, e a solução começou a aparecer.
O mesmo voluntário disse para eu me inscrever novamente, mas agora com o meu passaporte. O problema é que o resultado para saber se eu iria ser aprovado ou não demoraria mais três dias. “Vamos pegar novamente informações suas com a Polícia Federal do Brasil”, disse-me o voluntário. Eu me senti o próprio criminoso, o próprio Fernandinho Beira-Mar. Mas fazer o quê, né?! Depois de passar mais de 16 horas entre aviões e aeroportos até chegar à capital alemã, o meu corpo só pedia descanso.
Ao chegar no hostel, peguei meu sabonete, xampu e toalha para tomar um banho daqueles. Mas o calvário continuou logo quando liguei a torneira. Levei um jato de água gelada nas costas que me deixou tão atordoado ao ponto de eu escorregar dentro do box. Quase que me esborracho todo no chão. Para piorar a situação, a luz do banheiro era daquelas que acende quando alguém aparece, e apaga automaticamente minutos depois. Advinha então o que aconteceu? O local ficou todo escuro justamente na hora em que eu estava todo ensaboado.
Não tive dúvida: acabei me enxaguando e tive que sair pelado da cabine onda estava para reacender a luz do banheiro, que era coletivo, pois contava com mais dois boxes. A sorte é que não apareceu ninguém para dar de cara com aquela cena ridícula. Depois dormi, mas continuei com aquele jeito de menino buchudo chorão até um dia antes da abertura da Copa, quando, finalmente, recebi a tão desejada credencial. Fiquei agora doido de alegria! Parecia até que eu tinha conquistado a Copa. Com a credencial em mãos, pude realmente desempenhar o trabalho de um campeão, algo que me orgulha muito até hoje. Pena que não posso dizer o mesmo daquela Seleção. Que venha agora o Hexa...
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