O meu primeiro furo
- Flávio Adriano
- 10 de ago. de 2018
- 1 min de leitura

Logo quando comecei a estagiar no Jornal do Commercio, um prefeito de um município do Grande Recife estava sumido porque vinha sendo acusado de desvio de dinheiro público. Ninguém achava o danado! Ele não era um foragido, apenas resolveu se esconder do povo.
Como eu ainda era um “filhote” de foca, fui mandado para ficar na frente da prefeitura à espera do dito cujo. Afinal, que jornalista experiente iria aceitar ser escalado para ficar “mofando” o dia todo sem conseguir produzir nada, hein? Pois bem, fui e passei umas duas horas plantado em frente à sala dele.
Até que resolvi perguntar pelo prefeito ao chefe de gabinete dele, que estava passando pelo corredor naquele momento. Não sei o que deu no cara (vai ver que teve pena de mim) que pegou o telefone, discou, trocou algumas palavras e me disse:
- Toma, garoto. Atende aí...
- Quem é? – perguntei.
- O prefeito – respondeu.
Peguei o aparelho e passei quase uma hora conversando com o danado. No outro dia, a notícia foi destaque no JC, e até o radialista Geraldo Freire veio com essa no seu programa matinal: “Finalmente, acharam o prefeito! Em matéria exclusiva do Jornal do Commercio...”.
Quando cheguei à Redação, o então editor-executivo, Laurindo Ferreira, pediu uma salva de palmas “ao estagiário novato”. Fiquei orgulhoso pra caramba, mas tenho consciência de que, naquele dia, tive muito mais sorte do que competência. Porém, ela não cai do céu; só bate na porta de quem se esforça. E isso procuro fazer até hoje...
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