Santa ingenuidade a minha...
- Flávio Adriano
- 20 de set. de 2018
- 1 min de leitura

Quando a gente começa a estagiar numa Redação, o tesão de mostrar serviço é grande demais! Todo mundo fica doido para ir à rua apurar os fatos e ver no outro dia a matéria estampada no jornal, no online, na TV... Tudo é notícia; nada escapa! Pela falta de experiência, chegamos a ser até ingênuos demais.
Certa vez, lá estava eu numa tarde no Jornal do Commercio quando o telefone tocou. Do outro lado da linha, a então presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil. Com uma voz dura, a mulher estava convocando a Imprensa para cobrir a morte de um trabalhador no canteiro de obras do Shopping Tacaruna.
Ouvi tudo direitinho, anotei no meu bloquinho e disse que “já já estaria no local para cobrir o acidente de trabalho”. Ao desligar o telefone, saí correndo para dizer a pauta ao meu chefe, o então subeditor André Galvão. Na mesma hora, ele me deu um ré da gota. “Você quer continuar estagiando aqui? Então é melhor esquecer essa matéria...”, aconselhou. E a pauta se foi...
Depois entendi que o dono do jornal era o mesmo do shopping. Santa ingenuidade a minha. Foi a partir daí que comecei a perceber que a objetividade jornalística é algo utópico. Temos sempre que escrever o que for de interesse do proprietário do veículo. Senão, vai pro lixo. Eu, o então ingênuo filhote de foca, que o diga...
Comentários